A oração frutuosa
Por Pe. Frei Marcelo Aquino, O. Carm
Caríssimo leitor, nesta pergunta encontra-se embutida a resposta, mas nós também podemos "explorar" mais o tema, para uma melhor compreensão.
Em linhas gerais, oração frutuosa, é aquela oração que fazemos com o corpo e com a alma, ou seja, que não é unida a urgência. Para que os frutos da oração sejam colhidos se faz necessário entrar no clima da oração, mental e vocal. Eis o caminho para progredir espiritualmente na oração pessoal: mente e boca voltados para Deus.
O exercício da oração que cada cristão, especialmente os católicos, deve se empenhar é a fonte de onde ele pode adquirir forças para vencer a batalha espiritual em que estamos imersos.
O católico consciente de que é um grande privilégio de Deus fazer parte de sua Igreja, deve procurar fazer deste exercício uma missão sublime, assim como é sublime a missão dos sacerdotes católicos, portanto, se deve buscar aprimorar os conhecimentos sobre a sã doutrina, o estudo da Sagrada Escritura, o estudo da vida dos santos, etc. Tudo isso é caminho salutar de se alcançar a vida sobrenatural que nos é proposta por meio da oração frutuosa.
Rezar deve ser um ato diário e contínuo da vida de cada católico, buscar rezar pelas intenções do santo padre, pelas pessoas que nos pediram oração e também pelos sacerdotes. Esse ato de rezar pelas intenções mais diversas nos coloca em sintonia com todas as necessidades dos outros católicos.
Uma grande graça concedida à quem alcança a oração frutuosa é esquecer-se de pedir por si mesmo e sentir grande prazer em rezar pelos outros. Alegrar-se quando, durante a oração, lembra-se de uma pessoa que lhe pediu orações.
No abandono nas mãos de Deus e confiança na Divina Providência está o sucesso da oração frutuosa. Aí se começa a de fato receber os frutos, por isso oração frutuosa. Não é uma oração estéril, mas uma comunicação profunda com Deus que produz um fruto.
No decorrer da vida dos católicos que se empenham em alcançar a vida de oração frutuosa, vai se solidificando a ideia de que não devemos pedir mais nada a Deus, pois Ele já nos deu tudo, nos deu seu Filho Unigênito para morrer por nossos pecados.
Será que obtendo, por meio deste ato, a salvação eterna, precisamos pedir mais alguma coisa a Deus? Pelo menos para nós mesmos, não.
Precisamos descobrir a grandiosidade da nossa missão de levar o amor de Deus aos corações dos homens, para fazê-los encontrar o porto da salvação desejada, pois como disse Santo Agostinho, o nosso coração busca a Deus: "Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti."
E a nossa procura pelo amor de Deus, é aquela que nos coloca em sintonia com o que realmente nós devemos nos preocupar, com as coisas do alto, nós já quebramos muito nossas cabeças gastando nosso tempo buscando os bens que passam. É hora, no entanto, de lutar para que recuperemos o tempo perdido com coisas fúteis, e nos empenhemos nas coisas que realmente nos edificam para a vida eterna.
Quando se mergulha na oração frutuosa, se tem outra visão das coisas no mundo, passamos a deixar para lá muitas coisas que antes nos consumia a energia, como as intrigas, por exemplo. Sempre aconselhei vários penitentes a não buscar rebater nada que ouviu falar de si, e nem tirar satisfação, isso faz com que a fofoca morra na raiz.
Quando se busca aprofundar o conhecimento sobre a vida frutuosa se faz um aproveitamento mil vezes mais profundo dos benefícios espirituais que Deus nos concede pelo nosso ardor em rezar. Fazemos companhia aos anjos e santos que formam a corrente de intercessão pela humanidade que se entrega aos prazeres do mundo, dando as costas para Deus.
A devoção a Nossa Senhora é uma grande aliada nessa busca, pois ninguém consegue agradar a Deus verdadeiramente se não for seguindo o exemplo da Bem-Aventurada e sempre Virgem Maria.
O salutar desejo de crescer espiritualmente deve ser alimentado diariamente, mesmo sabendo que somos de frágeis como o barro. Isso não deve nos intimidar na luta, como nos ensinou São João Paulo II: "O santo não é quem não cai, mas quem não fica caído.". Portanto, devemos sempre nos levantar e recomeçar a luta, não importa quantas quedas ocorram no caminho, lute sempre e não se renda ao mal.
Se se tem o desejo de ser melhor, já é um grande começo, daí se parte para as águas mais profundas, se busca outros instrumentos para poder fazer a luta se tornar mais corajosa e eficaz.
O amor à cruz de Nosso Senhor é também um instrumento fortíssimo.
Devemos ter amor à cruz, pois Nosso Senhor não rejeitou a dele, nós devemos fazer o mesmo: viver lutando para que não caiamos na tentação de pensar que é possível uma vida sem cruz, uma vida sem sacrifício.
É bom lembrar que em todas as aparições de Nossa Senhora, ela nos pede para fazer penitência e rezar, para a nossa conversão e para a conversão do mundo inteiro, pois o mundo jaz no maligno e se não dobrarmos nossos joelhos muitas almas se perderão.
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